25 de abril de 2020

É SIMPLES. Não há comemoração oficial do 25 de Abril de 74 que não esteja envolta em polémica. Este ano por causa do coronavírus, que desaconselha ajuntamentos e alguns não querem ver na Assembleia da República alegando este motivo, e outros querem por outros motivos. O problema, como sempre, é a data que se pretende comemorar, que uns querem, outros não. Já dei para este peditório pelo menos uma dezena de vezes. O 25 de Abril de 74 pôs fim a uma ditadura, e como abomino ditaduras, é motivo para comemorar. É verdade que a coisa ia dando para o torto, mas o 25 de Novembro de 75, outra data a comemorar, evitou o pior, e o pior seria nova ditadura. Isto, 25 de Abril e 25 de novembro, são, para mim, datas essenciais, como tal comemoráveis. O resto são detalhes.

24 de abril de 2020

O MATA-BICHO. Para quem pensa que Trump bateu no fundo, o sujeito demonstra diariamente, agora nos briefings sobre o coronavírus, que o fundo não tem fim à vista. Não fosse trágico (e criminoso), os malabarismos do sujeito seriam apenas hilariantes, talvez embaraçosos para os mais crentes. Ontem sugeriu tratar o vírus injectando desinfectante, raios ultravioleta e o mais que não percebi (não é fácil percebê-lo mesmo quando fala do que sabe), levando a comunidade científica, que Trump ostensivamente despreza, a demarcar-se de imediato, dizendo com todas as letras que a sugestão de Trump foi irresponsável e perigosa. Depois de ter recomendado um remédio usado para combater a malária como sendo eficaz para combater o vírus (mesmo depois de ter sido rejeitado pelos médicos), o idiota vem agora com a mezinha que promete matar o bicho. Que mais será preciso para accionar a 25ª Emenda da Constituição e correr com ele da Casa Branca? Que mais será preciso para demonstrar que o sujeito não está bom da cabeça? E onde estão os republicanos, incluindo os que terão coluna vertebral? Quando deixarão eles de se esconder debaixo das secretárias?

11 de abril de 2020

UM MAL NUNCA VEM SÓ. O presidente Trump procura, desesperadamente, livrar-se das culpas que lhe cabem, apesar de todos sabermos como ele ignorou, criminosamente, os avisos do seu próprio governo. Sabemos hoje que Trump ignorou informação dos serviços de intelligence, em Novembro e Dezembro do ano passado (as «secretas» alertaram-no para o facto de o coronavírus estar a espalhar-se rapidamente na região chinesa de Wuhan, avisando para uma situação potencialmente catastrófica), e já em Janeiro e Fevereiro deste ano o seu próprio gabinete alertou-o para uma provável pandemia, que poria em risco a saúde e a vida de milhões de norte-americanos. Como também sabemos, Trump dizia, por essa altura, já com mortos no terreno, que o coronavírus não passava de um simples vírus como tantos outros e aconselhava os seus concidadãos a viver como habitualmente, queixando-se de que tudo o que se dizia não passava de uma mistificação criada pelos opositores, um exagero dos media destinado a lesar-lhe a reputação. Agora, depois de mais de quase 19.000 mortos só nos EUA, Trump insiste em vender-nos um medicamento que lhe foi impingido pela Fox News e que os médicos rejeitam (provocando uma escassez no mercado para quem dele necessita, porque Trump comprou 29 milhões de unidades), e acusa a Organização Mundial de Saúde (OMS) de não o ter alertado a tempo, apesar de Trump ter continuado com a mesma bazófia já depois de a OMS ter declarado a pandemia. Como já vimos noutras situações, imagino que Trump sairá incólume de mais esta, senão mesmo por cima, porque a OMS, o bode expiatório caído do céu, não vai entrar em guerra com ele, logo ficará a suspeita que foi a OMS a culpada. E porque, lamento dizê-lo, a sua base de apoio já demonstrou vezes sem conta que come tudo o que ele diz, mesmo as mais rematadas mentiras. Dirão alguns que não perco uma oportunidade para atacar o sujeito. Pelas oportunidades que deixo passar, acho um exagero. A verdade é que Trump não perde uma oportunidade para falhar miseravelmente. Nem sequer é capaz de mostrar empatia com quem sofre, o mais elementar princípio de qualquer ser humano.