28 de novembro de 2003

Hilariante a estória dos nossos castelo brancos e bobones lá por terras de sua majestade publicada no "Correio da Manhã", salvo erro do último domingo, e de que só agora me dei conta. Até os erros ortográficos da prosa ajudam à festa.

27 de novembro de 2003

Parece que a nossa GNR no Iraque não está devidamente equipada (leia-se armada) para cumprir a missão que lhe está reservada. Segundo o "Público", faltam metralhadoras, binóculos, viaturas. Resta aos nossos soldados as velhinhas G3. Se não fosse grave, seria ridículo.

26 de novembro de 2003

Segundo um estudo europeu, um quarto dos imigrantes africanos em Portugal contagia-se com o vírus da sida depois de entrar no nosso país. Imaginemos o que aconteceria se fossem os portugueses os contaminados com a chegada dos imigrantes africanos.

25 de novembro de 2003

O sr. Vital Moreira continua a tentar fazer passar a ideia de que a resistência contra as «forças ocupantes» no Iraque é feita pelo povo. Face ao hipotético cenário da retirada antecipada das ditas forças, o sr. Vital acha que isso pode deixar o Iraque «à beira da fragmentação». Ou seja, primeiro defendia que a tropa devia sair imediatamente, agora acha que deve ficar. O sr. Vital reconhece, contudo, que «o terrorismo constitui uma gravíssima ameaça, tendo de ser combatido com determinação, detectando e eliminando as suas redes e neutralizando os seus apoios». Mas combatido como e por quem, sr. Vital? Com abstracções? Falinhas mansas? Alvíssaras por uma ideia concreta (e com pés e cabeça, já agora) saída da cabeça deste senhor.

24 de novembro de 2003

Foi-se a dor de dentes, ficou a tonteira dos remédios. Mesmo assim posso garantir-vos que o mundo passou a ser mais cor-de-rosa, mais tolerável. Não há nada como o alívio da dor de dentes — e não só de dentes — para nos reconciliar com o mundo, nem que seja por dois ou três dias. Não, não me converti a qualquer religião, mas quase. Mas posso garantir-vos que vi estrelas — estrelas amarelas, intermitentes, terríveis. Isto para vos dizer que tenho andado sem grande paciência para ler, e muito menos escrever. E, quando assim é, há pouco a dizer. A única coisa que me apetece fazer é chamar a atenção para a crónica de Eduardo Cintra Torres, no "Público" de hoje, onde ele decidiu fazer um mais que oportuno comentário acerca dos nossos «jornalistas enxertados». E para a crónica do dr. Prado Coelho, ainda no "Público" de hoje, onde ele diz não ter dúvidas de que os intelectuais são necessários mas manifesta uma dúvida intrigante: «como funcionam eles (os intelectuais) em tempo de "blogues"?»

19 de novembro de 2003

Como estou com uma dor de dentes capaz de trepar por uma parede acima e só me apetece insultar toda a gente, mais vale nada dizer. Só uma coisa: coloquei uma nova crónica na minha página pessoal.

18 de novembro de 2003

O senhor Vital Moreira pergunta: «Mas desde quando é que constitui terrorismo atacar forças militares de ocupação, no Iraque ou onde quer que seja?» Este senhor é um poço de sabedoria.
A Ana Albergaria escreveu um texto de antologia.

17 de novembro de 2003

O Terras do Nunca desencantou uma sondagem qualquer para demonstrar que George W. Bush é pior que Bin Laden. Mas não precisava. O Terras do Nunca já tinha mandado dizer isso mesmo pela mulher-a-dias, e isso bastava. Mas há uma coisa em que concordo com o Terras do Nunca (ou com a mulher-a-dias): apesar de toda a solidariedade que merecem os jornalistas portugueses recentemente em apuros no Iraque, «o envio de hordas de jornalistas portugueses para palcos de guerra» é «uma disparatada feira de vaidades».

14 de novembro de 2003

Miguel Sousa Tavares está desolado pelo facto de o contingente da GNR não ter embarcado para o Iraque um dia mais cedo do que o previsto. É que, se tem embarcado, a esta hora o dr. Barroso estaria «com uma série de cadáveres nos braços». Como assim não foi, o primeiro-ministro é «um homem de sorte». Os 128 militares portugueses no Iraque, infelizmente vivos e de boa saúde, não contam para a história de MST. Como diria o outro, são mera estatística. A cegueira não tem limites.

13 de novembro de 2003

Sempre que se fala do dr. Cunhal, lá vem a estória da coerência. Como se a coerência fosse, por si só, uma atitude que merece elogio. Não merece. Coerência pode ser, por exemplo, manter-se fiel a uma ideia em que já não se acredita. Ora, não me consta que o dr. Cunhal mantenha as mesmas ideias só para ser coerente. Assim sendo, seria bom que fosse julgado pelas ideias e não pela coerência. Até porque há quem pense que a coerência do dr. Cunhal foi manter a mesma cegueira ideológica durante anos, contra tudo e todas as evidências. Porventura uma cegueira bem-intencionada, mas uma cegueira. O que não é propriamente um elogio.
O Japão decidiu suspender o envio de soldados para o Iraque, por considerar que não estão reunidas as condições de segurança. E eu a pensar que a tropa japonesa ia para o Iraque justamente por não haver segurança.

12 de novembro de 2003

O Terras do Nunca disse que não disse que «George W. Bush é pior do que a Al-Qaeda». Tem toda a razão. Na realidade, quem disse isso não foi ele mas a sua (dele) mulher-a-dias («post» com o título «A Al-Qaeda numa tarde de Lisboa»). As minhas desculpas à mulher-a-dias. Perdão, ao Terras do Nunca.
Confesso que tenho saudades das crónicas de Vasco Pulido Valente. Ontem, munido de uma paciência infinita, tirei todas as crónicas do "DN" para o "e-book". Hoje, relidas umas quantas, confirmo que o tempo gasto foi muito bem empregue.

11 de novembro de 2003

A meu ver, Catalina Pestana nem sempre tem estado à altura do cargo que desempenha. Sobretudo quando fala demais e abre a boca quando não deve. Só que a provedora da Casa Pia tem dado mostras de ser uma mulher inconformada, sem medo do politicamente incorrecto, e isso merece estima. Além de ser a única voz audível a defender as principais vítimas do processo Casa Pia — as crianças. Daí que me custe aceitar os ataques ferozes de que, a espaços, é alvo na imprensa. Como este, no "Público" de hoje.
George W. Bush é pior do que a Al-Qaeda, diz o Terras do Nunca. Valha-nos os parabéns de João Pereira Coutinho ao dr. Cunhal.

10 de novembro de 2003

Tirando a manchete do "Correio da Manhã", que Ferro Rodrigues considerou uma «torpe mentira» e mais uma «patifaria», nada se passou nos últimos dias que me inspire um comentário. Nem a entrevista de Francisco Louça no "Público" de hoje, onde este acusa Bagão Félix de perseguir o líder do PS. E, quando assim é, mais vale ficar mudo e quedo. Mas não resisto — e estou a contradizer-me — a fazer um pequeno comentário acerca de uma sondagem da Universidade Católica, que nos dá conta de que «os governantes e os diplomatas são quem projectam uma pior imagem de Portugal no estrangeiro». Não pondo em causa a seriedade do estudo e não tendo razões para sair em defesa dos nossos governantes e diplomatas, tenho para mim que os primeiros responsáveis pela pior imagem de Portugal no estrangeiro são os emigrantes. Só que não é politicamente correcto dizê-lo.

7 de novembro de 2003

«Um contributo para clarificar as coisas» num momento em que o país vive «uma fase de muito ruído». Esta foi, segundo o "Público", a justificação de Maria Elisa para a renúncia ao mandato de deputada. Esta senhora não tem vergonha nenhuma.

6 de novembro de 2003

Maria Elisa vai renunciar ao mandato de deputada. O anúncio foi feito pelo líder parlamentar social-democrata. «Trata-se de uma decisão pessoal (...) que foi tomada com toda a lisura e correcção», disse Guilherme Silva à "Lusa". Lisura e correcção? Não querem ver que ainda vamos ouvir dizer que Maria Elisa teve um comportamento exemplar em todo o processo?
Agora que o caso das «viagens-fantasma» dos deputados foi encerrado, Pacheco Pereira resolveu abordar o assunto. Só que, de caminho, fez um retrato pouco abonatório do funcionamento do Parlamento, e pareceu-me que a ideia não era exactamente essa.
«Os medíocres têm medo da literatura, dos clássicos e da leitura». Eis, em resumo, o tema da crónica de Francisco José Viegas no "Jornal de Notícias" de hoje.
Uma sondagem efectuada pela TNS Euroteste para a revista Visão revelou que a grande maioria dos portugueses (77 por cento) acredita na comunicação social, apesar de considerar que os jornalistas agiram mal ao divulgar o conteúdo das escutas telefónicas efectuadas no âmbito do processo Casa Pia. E ainda há quem diga que os portugueses não são generosos.

5 de novembro de 2003

Sempre que posso, demoro-me um pouco mais na leitura dos blogues. Hoje levei mais de duas horas a ler o que se publicou nos últimos dois ou três dias. Não há dúvida que são inúmeros os blogues que merecem leitura, e cada vez é mais difícil segui-los diariamente. Se é verdade que alguns ficaram pelo caminho, também é verdade que outros surgiram e reclamam atenção. Até ver, os blogues vieram demonstrar que a opinião, desde que bem escrita, tem inúmeros leitores. Além de porem à vista duas evidências: que anda por aí muita gente anónima que merece ser lida, e que andam por aí muitos jornalistas que não passam de analfabetos.

3 de novembro de 2003

Não morro de amores por José António Saraiva, sobretudo quando ele começa a gabar-se, mas parece-me um exagero o ódio de estimação que se vê por aí. Cada vez me convenço mais de que o problema com o arquitecto se deve a um sentimento muitíssimo português: dor de corno.