20 de outubro de 2025

O PARTIDO DO ANDRÉ. Cinco anos depois de ter iniciado a sua militância no Chega, onde chegou a vice-presidente e pelo qual foi eleito deputado, Gabriel Mithá Ribeiro publicou um texto no Observador anunciando a descoberta da roda. Descobriu, por exemplo, que o líder do Chega é um autocrata, um predador narcísico, um demónio vingativo, uma personalidade tóxica. Tudo isto depois de não ter sido escolhido para o governo-sombra do Chega, segundo ele a última tentativa do seu «assassinato cívico» e que terá sido a gota de água de um longo conflito com Ventura, que já o tinha levado a demitir-se da vice-presidência e a renunciar ao mandato de deputado. O que levanta, como é óbvio, algumas dúvidas: por que demorou tanto tempo a perceber que Ventura é o que disse? Descobriu agora o que toda a gente sabia? Teria abandonado o partido caso Ventura lhe desse um lugar no governo-sombra? Só Mithá poderá responder. Mas como em política o que parece é, como disse o dr. Salazar, por sinal uma figura por quem Mithá nunca escondeu admiração, tudo indica que estaria disposto a continuar por lá apesar do que disse de Ventura e do Chega em geral, que para ele se tornou «um partido cada vez mais disfuncional», «uma névoa mental depressiva», o «partido do André». Mithá teve tempo de sobra para perceber no que se tinha metido e sair pela porta grande. Agora, à 25ª hora, em que se limitou a dizer de Ventura e do Chega o óbvio ululante, mais valia ter ficado calado.