18 de março de 2003

Nestes tempos conturbados, em que toda a espécie de argumentos primários serve para "analisar" tudo e mais alguma coisa, vale a pena lembrar o que Vasco Pulido Valente escreveu no "Diário de Notícias" de 13 de Setembro de 2002: "Há um século que a América anda a cometer erros sem nome. Resolveu a I Guerra Mundial e ditou largamente as condições de paz. Sem ela, na II Guerra, o Exército Vermelho teria chegado à Mancha. Durante trinta anos defendeu o Ocidente e uma larga parte do planeta da expansão soviética. E, no fim, ganhou, acabando com o mito do socialismo, “real” ou virtual. Pior ainda: espalhou a sua cultura popular pela terra inteira, subverteu a ética sexual com uma revolução única na história e, na ciência e tecnologia, deixou toda a gente para trás. Fora isso, é rica, forte e livre. Coisas destas não se desculpam. A “Europa” não lhe desculpa a sua decadência. Os pobres não lhe desculpam a sua pobreza. As civilizações arcaicas não lhe desculpam o seu atraso. A América acabou por se tornar no bode expiatório da miséria humana. Tirando a América não existem responsáveis: nem o Islão, nem o racismo, nem o tribalismo, nem o ódio étnico, nem os cleptocratas que governam África. Nada e ninguém."