22 de dezembro de 2003

Não dou grande importância a efemérides. Mas, por regra, os jornais dão. E não me lembro de ver um jornal português, sobretudo os jornais de «referência», falar no aniversário do nascimento de Alexandre O'Neill, a 19 de Dezembro. O'Neill é um poeta a que volto sempre, mais tarde ou mais cedo, a propósito de tudo e de nada. Para me deliciar com versos assim:

(...)
Virilhas colaborando com parêntesis ou cedilhas
são autênticas (e sem hálito) maravirilhas.
Quando muito alguns pingos nos refegos, nas braguilhas,
amoniacal bafor que suporta sem dor
aquele que está ao rés de tal teor.
(...)


Ou assim:

No gesto suspensivo de um sobreiro,
o enforcado.

Badalo que ninguém ouve,
espantalho que ninguém vê,
suas botas recusam o chão que o rejeitou.

Dele sobra o cajado.