27 de dezembro de 2004

«Tomaram pela Avenida das Palmeiras, atravessaram a Praça de Armas e desceram para o Bairro da Marinha. À esquerda, um café pintado de verde abrigava-se sob um toldo oblíquo, de grossa lona amarela. Ao entrar, Cottard e Rambert limparam a testa. Sentaram-se em cadeiras de jardim, diante de mesas de chapa verde. A sala estava absolutamente deserta. Moscas zumbiam no ar. Numa gaiola amarela pousada no balcão, um papagaio, com todas as penas acamadas, estava abatido no poleiro. Velhos quadros representando cenas militares pendiam das paredes, cobertos de porcaria e de teias de aranha em espessos filamentos. Em todas as mesas de chapa e diante do próprio Rambert secavam excrementos de galinha, cuja origem ele compreendia mal, até que de um canto obscuro, depois de um certo rebuliço, saiu, saltitando, um galo magnífico.» Albert Camus, A Peste.