17 de março de 2006

A notícia de que hospitais e clínicas privadas portugueses estarão em condições de receber ingleses que se encontram à espera de uma cirurgia (o Público fala em 150 mil) quando é sabido que em Portugal existem 242 mil desgraçados na mesma situação, só pode ser uma anedota de mau gosto. A gente só fica realmente a saber que a coisa é a sério depois de ouvir o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada dizer, ao Público, que isto das cirurgias aos ingleses pode ser uma boa notícia para o turismo português, ao mesmo tempo que atribui a espera dos portugueses (oito meses em média) a problemas «administrativos». Mas há mais dados curiosos revelados por Teófilo Leite: «os privados fazem cerca de 100 mil cirurgias por ano e não teriam problemas em assegurar mais cerca de 50 mil». Sim, parece que há um expediente que permite aos utentes portugueses do sector público fazer cirurgias nos privados a expensas do Estado em casos excepcionais, embora a coisa também tenha os seus problemas administrativos. Num cartoon publicado na Sábado da semana passada, Luís Afonso procurava saber junto de um cidadão finlandês «como é possível sobreviver num país [a Finlândia] onde há muita produtividade e não há iliteracia nem corrupção». O cartoon deixa a resposta no ar. Mas, pelo sim, pelo não, desaconselha-se a emigração portuguesa para a Finlândia.