4 de abril de 2006

Compreende-se o mea culpa e a desilusão de quem apoiou a invasão do Iraque, coisa que, em parte, subscrevo. Mas dizer-se que Saddam Hussein não tinha armas de destruição maciça, já me parece demais. Não havia, antes da invasão, provas (ou evidências credíveis) de que o ditador iraquiano possuía armas de destruição maciça? Muito bem. E que provas (ou evidências credíveis) passou a haver que Saddam Hussein não as tinha? Será que o facto de não terem aparecido significa, por si só, que não as havia? Evidentemente que o não aparecimento das armas de destruição maciça pode significar que não existiam, mas isso é uma possibilidade. E, se falamos de possibilidades, temos que falar doutras. Por exemplo, as armas podem ter sido destruídas nos primeiros dias da invasão, passado a fronteira e estar nas mãos sabe-se lá de quem, estar escondidas sabe-se lá onde. Convenhamos que são possibilidades tão credíveis como a que aponta para a inexistência de armas de destruição maciça, por mais que se tentem desvalorizar. Mas são possibilidades, repito. Não factos, como muitos pretendem. Daí que ache lamentável que os «arrependidos» se rendam tão facilmente à ditadura das suposições e ao politicamente correcto, embora vivamos num tempo em que até os jornalistas têm dificuldade em separar os factos das opiniões.