13 de setembro de 2006

Mário Soares continua a insistir na tese de que se deve negociar com os terroristas. Deu, no Prós e Contras, o mesmo exemplo que tinha dado quando defendeu a tese pela primeira vez: Portugal também negociou com os movimentos independentistas das ex-colónias. Isto é, o ex-Presidente da República continua a achar que os movimentos nacionalistas e a Al-Qaeda se colocam no mesmo plano, e tinham (ou têm, no caso da Al-Qaeda) idênticos objectivos. Mas já chutou para canto quando Pacheco Pereira lembrou que o primeiro-ministro Soares recusou negociar com as FP25, argumentando o fundador do PS que não queria mudar de conversa. Outro momento interessante do debate foi quando Mário Soares disse que a principal causa do terrorismo islâmico é a profunda humilhação que o Ocidente impõe aos árabes. Humilhação que, repare-se, foi incapaz de fundamentar. Convidado a explicar-se melhor, Mário Soares meteu os pés pelas mãos, misturou alhos com bugalhos, remeteu a explicação para uns representantes da comunidade muçulmana ali presentes (mal vai a comunidade muçulmana com aqueles representantes), e chutou novamente para canto. Depois esgrimiu o argumento da pobreza (que os factos facilmente desmentem), e comparou os fundamentalistas islâmicos aos fundamentalistas católicos (como se os métodos utilizados por uns e por outros fossem comparáveis). Pelo meio, Mário Soares disse que o Irão é uma grande potência... porque esteve lá. Que sabe do que fala quando fala do Líbano... porque esteve lá. Que não acredita em teorias da conspiração, mas não tem problema em as usar quando lhe dão jeito. Chegou, enfim, pelo tom e ligeireza dos argumentos, a fazer-me lembrar um daqueles participantes de alguns fóruns da rádio, tantas foram as vezes que baixou o nível ao debate. Não fosse a contradição, diria que Mário Soares conseguiu ser pior do que ele próprio.