26 de maio de 2009

JORNALISMO (2). João Miguel Tavares escreveu que Manuela Moura Guedes pratica o «sensacionalismo» e a «ocasional falta de rigor», e que o Jornal Nacional por ela apresentado é «desequilibrado e injusto». Mais: segundo ele, Manuela despeja «demagogia por cima de todos os textos que lançam as peças» sempre com um ar de que «isto é tudo uma corja». Mas tem virtudes, segundo ele, que superam os defeitos. Por exemplo, «há ali [no JN] um desejo de incomodar» e «de denunciar». E, pormenor curioso, uma coisa «de uma enorme importância num país como Portugal»: o prazer de sabermos «de que forma é que eles [JN] vão estragar o fim-de-semana ao primeiro-ministro». Ora, escusado será dizer que o objectivo do jornalismo não é incomodar ou denunciar, muito menos estragar o fim-de-semana de quem quer que seja. Incomodar ou denunciar é, quando muito, uma consequência, nunca o objectivo (informar), e quanto ao desejo de estragar o fim-de-semana ao primeiro-ministro a psicologia explica isso muito bem explicado. Concordo, porém, quando o jornalista do DN diz que há demasiados «jornalistas que calam, que não arriscam, que se retraem com medo das consequências». Mas eu aqui incluiria, também, os que têm medo de criticar o «jornalismo» de Manuela, vá lá saber-se porquê. Imagino que já me acusam de me render ao «socratismo», ao PS, ao que for. Direi, porém, que nada disso me perturba, mas não é verdade. O princípio que me move aplica-se a todos, e não contempla excepções. Sobretudo quando se tratam de excepções que nos dão jeito, que logo procuramos minimizar ou fazer de conta que não vimos. (Ver, também, post de Rui Bebiano.)