«Teixeira de Pascoaes? Pois sim... Pois sim...», diz o cretino que sempre aparece ao nosso lado, como um anão saltitante, quando a morte dum grande poeta ou de qualquer outro «anormal» nos dá, em bloco, todas as razões de o amarmos sem reservar sentimentos, sem aguardar cautelosamente que tudo seja dito para tomarmos partido, para assumirmos a atitude «conveniente», o ponto de vista «a ter», o gosto a exibir...
«Pois sim... Pois sim...», como se fosse possível meter o poeta do Regresso ao Paraíso num encolher de ombros ou num arroto de despeito... (E eu pensava, com aquele extremo cansaço, aquela imensa vontade de desistir que nos assalta quando topamos com certos «especialistas» de poesia: «Talvez não arrotes o mesmo quando chegares à minha idade...»).
«Pois sim... Pois sim...», como se fosse possível reduzir o poeta a uma «filosofia», arrumar em quatro palavras Teixeira de Pascoaes, momento da nossa poesia, mastro desse barco de loucos que é a nossa poesia portuguesa!
«Pois sim... Pois sim...», como se fosse possível a mediocridade fazer os gigantes por moinhos, os grandes poetas por moinhos de palavras....
Alexandre O’Neill, Recordação precipitada de Teixeira de Pascoaes publicada no volume Já cá não está quem falou