23 de fevereiro de 2011

SANTA PACIÊNCIA. O politicamente correcto e o clima de medo estão a matar as anedotas de pretos e judeus, brasileiros e japoneses, gays e «alternativos», e a uniformizar tudo numa mistela sensaborona que não é carne, não é peixe, mas uma mistela intragável. Não se pode falar de presunto porque se ofendem os muçulmanos. Mudam-se palavras nos clássicos porque ofendem os pretos. Trocam-se as Boas Festas pelo mais abrangente Happy Holidays. Não se pode fumar em casa se a empregada doméstica estiver por perto. Tira-se o tabaco dos filmes porque o tabaco nos filmes causa fumo passivo (estou a inventar, mas lá chegaremos). Perante tudo isto, quem nos acode? A avaliar pelo silêncio generalizado (há um fogacho aqui e ali, mas não passa disso), o assunto não incomoda ninguém. Talvez pior: a grande maioria achará bem, pelo que ainda estaremos no começo.