9 de dezembro de 2011

CHOVER NO MOLHADO. Para eventuais interessados ou adversários das maquinetas de leitura electrónica, os chamados e-book readers, transporto diariamente comigo quase todo o Eça, grande parte de Camilo e Machado de Assis, praticamente todas as entrevistas da Paris Review e várias obras do Padre António Vieira, Mark Twain, Nelson Rodrigues, Fernando Pessoa, Charles Darwin, Euclides da Cunha e outros. Resumindo, transporto diariamente comigo mais de duas centenas de livros, embora o número se pudesse multiplicar quase até ao infinito. Para os adversários da maquineta, que são muitos e bons, expliquem-me lá uma coisa: seria isto possível com edições em papel? Não, não me parece uma questão de somenos, como já ouço por aí. Que leitor não apreciará a mera possibilidade de transportar diariamente consigo os livros que lhe apetecer, como há muito sucede com a música, que já ninguém dispensa? Também os velhinhos LPs e os envelhecidos CDs continuam ao alcance de quem se interessa por eles, tal como continuarão ao alcance dos interessados os livros em papel, que só desaparecerão quando se tornarem uma minoria que não justifique a edição em papel. Como já disse variadíssimas vezes (ando a escrever sobre e-books desde a pré-história), os livros em papel só desaparecerão quando os leitores assim o quiserem. Tão simples como isso. Como presumo que a maioria os prefere em papel, a notícia da morte do livro tal como o conhecemos é francamente exagerada.