7 de agosto de 2012

TELHADOS DE VIDRO. Se bem me lembro, Arons de Carvalho em tempos escreveu que Mário Crespo, então correspondente da RTP em Washington, lhe pediu que intercedesse em seu favor junto da administração da RTP num processo disciplinar de que então foi alvo, e que acabou por ditar o regresso de Crespo a Lisboa. Face à gravidade do que disse o actual vice-presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, na altura do pedido Crespo secretário de Estado da Comunicação Social, o actual jornalista da SIC não tugiu, nem mugiu. Posteriormente noticiou-se que Crespo tentou regressar a Washington pela mão do actual ministro que tutela a comunicação social, novamente como corresponde da RTP, processo que não terá corrido bem e cujos contornos não se perceberam (Crespo não era, como não é, jornalista da RTP, e ao que parece o cargo estará reservado a jornalistas da RTP). Não espanta, portanto, que Mário Crespo, que no tempo de Sócrates tanto pregou a favor da liberdade de expressão e na Assembleia da República chegou a protagonizar um episódio que envergonhou o jornalismo e os jornalistas, venha agora dizer que o ministro Miguel Relvas tenha, coitado, sido «a única vítima» no caso do canudo da Lusófona (via A Douta Ignorância), e que há uma campanha contra o ministro que tutela a comunicação social (via Vida Breve). Como dizia o outro, cada um trata a coluna vertebral como bem entende, e não se pede a Crespo que faça outra coisa. Escusava era de agir como se fôssemos estúpidos.