5 de fevereiro de 2013

GOZAR COM O PAGODE. Como se diz da mulher de César, não basta ser sério. E convenhamos que o novo secretário de Estado do Empreendedorismo deixa algumas dúvidas a esse respeito. Franquelim Alves pode ter um trajecto imaculado como ex-administrador da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), proprietária do Banco Português de Negócios (BPN), como agora reclama (há quatro anos admitiu ter aprovado irregularidades), mas camuflar a sua passagem por tão malcheirosa coisa não pode deixar de ser visto como um expediente de quem tem algo a esconder. Não basta, portanto, dizer que o novo governante não é arguido nem alvo de investigação, como diz o ministro da Economia, ou o visado jurar que sempre pautou a sua conduta pelo rigor e exigência (já vimos que não foi bem assim). É por demais evidente que o Governo fez mal ao nomeá-lo, e o Presidente fez pior ao dar-lhe posse. Mais: no estado a que o país chegou, em que são cada vez mais necessários sinais contrários ao que daqui emergiu, chega a ser uma provocação. Quem conhece a história da SLN não pode deixar de ficar perplexo quando vê um ex-administrador de uma associação criminosa ser premiado com uma secretaria de Estado. Sim, houve outros que fizeram o mesmo ou pior no caso SLN/BPN. Mas não me consta que algum deles seja governante.