20 de junho de 2013

VIRA O DISCO E TOCA O MESMO. Como fosse preciso, a justiça que temos voltou a demonstrar, no caso do cavalheiro que insultou o Presidente da República durante as cerimónias do Dia de Portugal, que é célere quando se trata de cidadãos anónimos, e quando não são move-se como o caracol. Miguel Sousa Tavares insultou o Presidente da República durante uma entrevista, recusou pedir desculpa por aquilo que o próprio considerou excessivo, e continua por aí. Não se sabe se será acusado, se houver acusação suspeita-se que vai demorar anos a resolver, e não será preciso ser astrólogo para adivinhar o desfecho. Já o cidadão Carlos Costal foi um caso em que o Tribunal de Elvas não teve dúvidas, e para resolver de forma urgentíssima. Dois dias bastaram para o julgar e condenar a pagar uma multa de 1300 euros, que o Ministério Público considerou «inadmissível» e se apressou a anular. Como novamente ficou demonstrado, a justiça exige respeitinho, mas não se dá ao respeito. Pior: tornou-se risível para quem se pode defender, e cada vez mais perigosa para quem não pode fazê-lo. Bem sei que há dois ou três figurões na cadeia, que apesar das mil e uma artimanhas não conseguiram escapar. Mas essas são excepções, a que a justiça desesperadamente se agarra para tentar demonstrar, até ver sem sucesso, que a todos trata por igual.