12 de novembro de 2017

INSONDÁVEIS MISTÉRIOS. Ricardo Salgado é acusado pelo Ministério Público, no âmbito da «Operação Marquês», de ter cometido 21 crimes. O antigo banqueiro, que garante estar inocente, veio chorar em todos os jornais o arresto da sua pensão de velhice — ficou agora, segundo ele, «praticamente com o correspondente a dois salários mínimos». Disse mais Ricardo Salgado: que lhe dói profundamente os lesados do desmoronamento do Banco Espírito Santo, que nunca subornou ninguém, que será ilibado da «monstruosidade» de que é acusado. Como diz a lei e o senso comum, Ricardo Salgado é inocente até prova em contrário. Como são inocentes até prova em contrário todos os acusados da «Operação Marquês», embora o princípio para os restantes se note bastante menos. Por obra e graça não sei de quê, não li num único jornal que lhe deu espaço para chorar a pensão e o resto que Ricardo Salgado é acusado de 21 crimes (nove por branqueamento de capitais, três por fraude fiscal qualificada, três por falsificação de documentos, três por abuso de confiança, dois por corrupção activa e uma por corrupção activa de titular de cargo político), como sempre acontece, e bem, quando falam dos outros acusados, nomeadamente José Sócrates (31 crimes), Carlos Santos Silva (33), Henrique Granadeiro (8) e Zeinal Bava (4). Por que será? A omissão não foi por acaso, pelo que a explicação tem que ser outra. Talvez alguém da Santíssima Trindade saiba alguma coisa.