12 de julho de 2006

Não sei o que levou Zidane a dar uma cabeça em Materazzi. Por junto, tudo o que conheço sobre o caso são as justificações de um e de outro, o que é muito pouco. Mas os factos chegam e sobejam para concluir que há um só culpado neste episódio. Chama-se Zidane, e pela simples razão de que o jogador não soube controlar-se e evitar o que, provavelmente, o adversário pretendia. E nada me impede, também, de achar que Zidane foi o melhor jogador do Mundial, tal como foi designado pela FIFA, embora a FIFA o tenha decidido antes de ser conhecido o episódio da cabeçada e já admita retirar-lhe o título. É que, com cabeçada ou sem ela, o francês demonstrou dentro do campo que era ele quem merecia o título, e só não viu quem não quis — ou quem não consegue ver além do umbigo. Mas há uma coisa que não percebo: por que razão se há-de exigir a uma estrela da bola um comportamento exemplar? Porque o comportamento de uma estrela da bola tende a ser copiado por muita gente, nomeadamente pelos mais vulneráveis? Compreende-se, mas parece-me insensato esperar que as estrelas se comportem fora do campo como dentro dele — e pedir demasiado. Afinal, tirando um ou outro, os jogadores não foram ensinados a comportar-se nos salões e a usar a gramática, a evitar os palavrões e coçar as partes em público. Gostemos ou não da ideia, as coisas são o que são — e, no caso, não temos o direito de exigir que sejam de outra maneira.