7 de agosto de 2003
Escrevi, numa crónica publicada ontem na minha página pessoal, que o negócio dos incêndios merecia uma profunda investigação. Soube, hoje, que a Polícia Judiciária vai iniciar uma investigação como «nunca foi feita». Mais: o director da PJ garantiu que a investigação já começou em Junho. Uma boa notícia, portanto.
6 de agosto de 2003
Sempre que alguém me pergunta se eu já li o livro "A" ou o escritor "B", apetece-me responder com uma lista de livros e autores que ainda não li. E eu ainda não li, por exemplo, "Madame Bovary", de Flaubert, "Em Busca do Tempo Perdido", de Proust, "O Homem Sem Qualidades", de Musil, "O Nó do Problema", de Greene, ou "Ulisses", de Joyce. Isto só para falar das obras-primas que toda a gente se gaba de ter lido, e que eu tenho em lista de espera. E estão em lista de espera por uma razão muito simples: estou a reler. De maneira que, de cada vez que vou à tal lista de espera, leio um parágrafo ou dois de cada um desses livros e invariavelmente acabo no Eça.
5 de agosto de 2003
O "Público" entendeu pedir desculpa aos leitores por ter publicado dois textos de opinião de um "professor e investigador", em que este colocou o Holocausto entre aspas e em caixa baixa. Devo dizer que me lembro perfeitamente do episódio e de o ter achado chocante. Mas daí até o "Público" vir assumir, quase meio ano depois, que a publicação dos textos em causa foi um erro, parece-me um manifesto exagero. Porque, a seguir esta lógica, o "Público" também devia assumir que foi um erro a publicação de algumas crónicas de Vital Moreira e Fernando Rosas, por exemplo, em que estes se fartaram de dizer inverdades sobre a guerra do Iraque.
4 de agosto de 2003
O dr. Mário Soares acha que o ministro da Defesa é um «tumor» que está a «contaminar» o Governo. E que deve, por isso, ser «extirpado». Isto por causa dos desentendimentos do dr. Portas com os militares, garante o ex-presidente da República. Só que toda a gente tem ainda presente o recente episódio que envolveu o ministro da Defesa e a dra. Maria Barroso, em que o primeiro não terá agido correctamente sobre a segunda. Assim sendo, bem pode o dr. Soares invocar outros pretextos para justificar o que diz que toda a gente sabe qual é a origem do mal. E a origem do mal aconselharia que o dr. Soares fosse o último a falar.
O "Expresso" diz que Maria Elisa se sente vítima de «perseguição política». Isto porque há quem pense que o expediente da deputada/jornalista para desenvolver um projecto na RTP – a suspensão do mandato de deputada por um período de 50 dias, alegando doença – é um embuste. Ainda esperei que, na crónica domingueira do "Diário de Notícias", Maria Elisa nos desse uma explicação. Mas não. Optou por assobiar para o lado e fazer de conta que nada se passou. Assim sendo, daqui a uma semana já ninguém se lembra de tão edificante episódio.
1 de agosto de 2003
Só agora li a última crónica de Luis Fernando Verissimo, no Estado de S. Paulo. Tal como tantas outras, também esta é absolutamente imperdível.
A propósito de coisa nenhuma, aqui vai um poema de Alexandre O'Neill:
Anda, meu Silva, estuda-m'aleção,
vêsse-te instruz, rapaj, qu'ainstrução
é dosprito upão!
Ou querch ficar pra sempre inguenorantão?
Poin os olhos no Silva, teu irmão.
Pensas talvês que não le custou, não?
Mas com'é qu'êl foi pdir aumentação
au patrão?
E tinh' rrazão...
Anda, meu Silva, estuda-m'aleção,
vêsse-te instruz, rapaj, qu'ainstrução
é dosprito upão!
Ou querch ficar pra sempre inguenorantão?
Poin os olhos no Silva, teu irmão.
Pensas talvês que não le custou, não?
Mas com'é qu'êl foi pdir aumentação
au patrão?
E tinh' rrazão...
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