30 de agosto de 2023

UM PÉSSIMO EXEMPLO. Não contem comigo para a beatificação da coitada que terá sido sexualmente abusada por um superior hierárquico, no caso o presidente da federação espanhola de futebol. Quem não viu que o beijo de Rubiales a Hermoso surgiu no calor dos festejos de um título mundial e que a vítima começou por desvalorizar? Quem não viu que o agressor pediu imediatamente desculpa? Claro que o sujeito teve um comportamento censurável, mas sendo o momento de grande euforia, a que sempre se juntam doses de irracionalidade, desculpas devidas e assunto encerrado. Não foi assim. De um fogacho passou-se a um incêndio, confundiu-se a estrada da Beira com a beira da estrada, e um bode expiatório veio mesmo a calhar. É um facto que vigora uma cultura machista no desporto feminino, onde há comportamentos abusivos e mesmo casos de polícia. Mas o caso do beijo não é um bom exemplo, muito menos motivo para um auto-de-fé.

22 de agosto de 2023

COMIDAS. Quando havia rusgas diárias da ASAE a confiscar galheteiros com azeite sem rótulo de origem e maçãs que não obedeciam aos desmandos da União Europeia temi que a gastronomia dos nossos avós tivesse os dias contados. Felizmente, enganei-me. As feiras gastronómicas que hoje se fazem por todo o lado demonstram não só que não morreu como ressuscitaram outras comidas quase extintas. Mas nada contra a feijoca embrulhada em repolho ou a posta de congro com ovos de formiga. Cada um come o que gosta e o que pode. Como sou mais feijoadas e arrozes, cabritos e bacalhaus, regozijo-me com o renovado interesse na nossa comida. Com certeza que algumas receitas não farão bem a ninguém. Mas isso não deverá ser motivo para o poder meter o nariz no prato de cada um. Se o Estado se preocupa com a saúde dos portugueses, alerte-os para as maleitas que possa haver e deixe que cada um decida por si.