17 de janeiro de 2024

O CANTO DO CISNE. Ouvidas as teorias que correm acerca do que se deve ou não fazer para acudir à crise que vai na Global Media, proprietária, entre outros, do DN, JN e TSF, não vejo como se possa encontrar uma solução satisfatória de modo a salvar, pelo menos, os títulos de referência. Como outras empresas privadas, a Global Media opera dentro das regras do mercado, e o mercado costuma corrigir com eficácia os seus próprios erros — e foram demasiados os erros cometidos pelos vários patrões que passaram pelo grupo cujo colapso agora se teme. Há vários exemplos passados que o demonstram. O desaparecimento de jornais como O Comércio do Porto, O Primeiro de Janeiro, o Diário Popular, A Capital ou O Independente não pôs em perigo a democracia, motivo agora invocado para não se deixar cair a Global Media. Depois, que solução haverá que não seja o Estado, directa ou indirectamente, a pagar a conta? E quem acha que o Estado deve, neste caso, substituir-se aos privados? Tirando os trabalhadores do grupo, que aguardam que lhes dêem o que lhes pertence, não se vê quem. Por razões óbvias, que os jornalistas sabem melhor que ninguém, não há almoços grátis, e sairia caro ao país ser o Estado pagá-los. A solução, a haver, passa pelos privados, pela compra do todo ou das partes. Privados que até ver não se vislumbram, pelo que não se antevê um final feliz para quem lá trabalha. Já se vai ser uma perda para a democracia e o jornalismo se não vencer a crise, não tenho tanta certeza.