7 de dezembro de 2017

PAÍS MINÚSCULO PARA TANTO EGO. Parece que há escritores portugueses que submetem as suas obras a concursos mas depois não aceitam outro resultado que não seja ganhar. Pior: atribuir o quarto lugar do Prémio Oceanos a uma autora do gabarito de Maria Teresa Horta (MTH) é, segundo Inês Pedrosa, «uma humilhação». Devo dizer que não li um único livro de MTH, mas não me gabo disso. É, ao que dizem, uma escritora estimável, e o livro a concurso também. Mas se o incidente do prémio não me afasta da sua obra, também não me aproxima. Tenho a ideia, porventura excessivamente romântica, que um escritor/criador jamais fica satisfeito com a sua obra, e que cada vez que a ela regressa lhe encontra defeitos que o embaraçam. Não será o caso de MTH, que estará convencida de que fez uma obra notável, claramente melhor que a concorrência. Ou então achará que merecia o primeiro lugar não pelo livro em si mas pela sua «já longa obra», como escreveu na carta de rejeição, onde também se lê que o fez pelo respeito que deve a si própria e aos seus leitores. É um direito que lhe assiste. Mas reza a lenda que ninguém é bom juiz em causa própria.