30 de junho de 2010

O TAMANHO NÃO CONTA? Compreendo a celeuma à volta dos kits destinados às aulas de educação sexual, e também eu tenho uma dúvida: como chegou a Associação para o Planeamento da Família ao tamanho do pénis que a imagem documenta? Baseou-se no padrão português, ou nas normas europeias? Não sou especialista no assunto, mas quer-me parecer que o modelo não está conforme os padrões portugueses ou europeus. Ora reparem bem na imagem.
SAUDADES DE SCOLARI. Scolari foi crucificado por não ter ganho o Europeu de Portugal (perdemos na final), e por não ter chegado à final do Mundial da Alemanha (ficámos no quarto lugar). Fora isso, caíram-lhe em cima por mobilizar os portugueses em torno da selecção como nunca se tinha visto, ele que nem português era. Já o seu sucessor, que passou a vida a complicar-lhe o trabalho, merece benevolência, apesar do currículo à frente da selecção se saldar por uma penosa qualificação para o Mundial da África do Sul e no Mundial da África do Sul só ter chegado aos «oitavos». Alguém me explica por que razão um, com obra feita, foi crucificado, e outro, sem nada que se veja, merece benevolência?
TIRO AO RONALDO. Cristiano Ronaldo sempre foi o primeiro alvo das críticas quando as coisas não correm bem à selecção. Porque Ronaldo é um fora-de-série que raramente «aparece» quando joga pela selecção, porque há quem não se conforme com os rios de dinheiro que ele ganha e com as resmas de catraias que lhe passam pela cama (dizem), porque Ronaldo se põe a jeito. Para não variar, choveram críticas após a derrota frente à Espanha, a meu ver exageradas. Como poderia ele ter feito mais se o ataque de Portugal não existia? Que outro artista da bola teria feito melhor com aquele «sistema» de jogo?

29 de junho de 2010

SOMOS OS MAIORES, NÃO ÉRAMOS? Depois do jogo «inteligente» frente à Costa do Marfim, nas palavras do professor Queiroz, a goleada à Coreia do Norte escondeu as misérias de Portugal até ao jogo com o Brasil, e revelou-se em todo o esplendor frente à Espanha. Não, não é perdermos com nuestros hermanos que custa. O que custa é ser confrontado com o futebol vergonhoso que praticamos. Eduardo, o único que se salvou da mediocridade geral, não merecia tal sorte. Já o dito professor, confirmou o que já se sabia: é um génio incompreendido que urge despachar para onde o entendam.
SAIR PELA PORTA DO CAVALO













Compreende-se que o momento não é particularmente inspirador, mas podia ter saído de cena com dignidade. Presunção e água benta fica-lhe pessimamente, e seria a última coisa a esperar mesmo de quem nunca se esperou grande coisa.
PENSEM NISTO. Se não errei as contas, esta notícia significa que a imprensa generalista (JN, DN, Público, Correio da Manhã, Expresso, Sol, Visão, Sábado e Focus) perdeu, nos primeiros quatro meses do ano, mais de quinze mil leitores. Leram bem: mais de quinze mil leitores.

28 de junho de 2010

NADIR AFONSO. A entrevista já tem alguns dias, mas não perde pela demora.

25 de junho de 2010

Para desenjoar da bola, das vuvuzelas, e dos comentadores desportivos.

PORTUGAL-BRASIL. Como diria o outro, prognósticos só no fim do jogo. Previ que iria haver problemas entre portugueses e brasileiros por causa do Portugal-Brasil, felizmente não se confirmaram. Confesso que não me passou pela cabeça que o jogo pudesse terminar num empate, e sem casos de maior. Enganei-me, e ainda bem que assim foi. Já o ódio, esse continua.

24 de junho de 2010

23 de junho de 2010

PRESO POR TER CÃO, PRESO POR NÃO TER. O Presidente da República continua a levar por tabela por não ter estado no funeral de Saramago, como continuaria a levar por tabela caso tivesse estado. O curioso é que ninguém tem dúvidas quanto à decisão que ele deveria tomar. Não tem dúvidas quem acha que ele devia ter estado, não tem dúvidas quem acha que ele não devia ter estado. Ora, parece-me que o caso se presta a algumas dúvidas. Têm razão uns e outros, mas nenhum a tem toda — e nenhum tem nenhuma quando a verdadeira razão não é a que invocam. Depois, como explicar que ninguém tivesse criticado Cavaco por não ter ido ao funeral de Couto Viana? Não foi tão bom como Saramago? Estava do lado errado e o outro do lado certo? Os esqueletos no armário de um eram menos embaraçosos que os esqueletos no armário do outro? Palavra de honra que gostaria que me explicassem.
PROGNÓSTICO PARA O PORTUGAL-BRASIL. Apesar de pouco haver a decidir, o Portugal-Brasil da próxima sexta tem, por aqui, contornos peculiares, que por aqui (EUA) residem milhares de portugueses e brasileiros que se odeiam nem sempre cordialmente. Acabei de ouvir um sujeito dizer que gostaria de ver Portugal vencer o Brasil por três ou quatro para assim vingarmos a humilhação de há dois anos, embora o jogo (6-2 a favor do Brasil) não contasse para coisa nenhuma. Como é evidente, não está sozinho, e por aqui nota-se bastante. Os portugueses odeiam os brasileiros, os brasileiros odeiam os portugueses, e a ocasião vem mesmo a calhar. Se tudo correr conforme as previsões, a coisa saldar-se-á por umas escaramuças sem importância, que ódio não paga a renda e a polícia não brinca em serviço. No dia seguinte odiar-se-ão ainda com mais fervor, e a vida seguirá como dantes.

18 de junho de 2010

SARAMAGO. Bem sei que são declarações de circunstância e que morto não tem defeito, mas esperar-se-ia algum comedimento sobre a morte de Saramago. Ainda o cadáver não arrefeceu, já andam para aí a dizer barbaridades. Até para falar bem é preciso decência.
UM FIASCO ANUNCIADO. Estava escrito nas estrelas que a comissão de inquérito ao negócio PT/TVI iria parir um rato. De facto, só podia acabar com os deputados divididos sobre a importância (ou irrelevância) da matéria em análise conforme o alinhamento partidário de cada um e não conforme a importância (ou irrelevância) da dita. Sabia-se que os argumentos dos parlamentares estavam, à partida, inquinados, pelo que se adivinhava difícil perceber as razões de cada um fora do contexto político-partidário. Como não bastasse, o caso era delicado do ponto de vista jurídico, e sabia-se de antemão que os juristas estavam divididos, provavelmente mais por razões políticas que jurídicas. Assim sendo, o resultado só podia ser uma mão cheia de nada, e outra de coisa nenhuma.

16 de junho de 2010

BIOGRAFIAS. Procurava The Fabulous Life of Diego Rivera, de Bertram Wolfe, saiu-me a versão em espanhol de Dreaming with His Eyes Open: A Life of Diego Rivera (Soñar con los ojos abiertos: una vida de Diego Rivera), de Patrick Marnham, também uma biografia do pintor mexicano. Lidos os primeiros parágrafos, pareceu-me tão bem escrita que não hesitei em comprá-la, apesar da minha dificuldade com o espanhol em todas as suas variantes. Sou um apreciador da bela prosa e um entusiasta de biografias, embora compre mais do que leia. Tirando Modigliani: A Life, de Jeffrey Meyers, não me lembro de concluir uma única, embora possua uma boa dezena de que já li, por junto, algumas centenas de páginas. Provavelmente devido aos primeiros capítulos, onde invariavelmente se descreve os antecedentes dos biografados, quase sempre uma estopada. Leio que um entusiasta de biografias costuma baldar-se aos preliminares, precisamente pela mesma razão que lamento. Nunca me tinha ocorrido tal coisa, mas acho que vou por aí.
POIS. «"A Costa do Marfim queria que a gente arriscasse e assumisse o jogo, mas fomos inteligentes." Os norte-coreanos, malandros, também vão querer que a gente jogue, mas vamos ser inteligentes, não jogamos. E, isso, não jogar, esta selecção de Queiroz sabe fazê-lo melhor do que ninguém.»

15 de junho de 2010

AI NOSSA SENHORA. Claro que uma derrota teria sido pior, e até nem estivemos longe disso. Mas os argumentos que justificam a má prestação portuguesa no primeiro jogo do Mundial — a Costa do Marfim estava muito fechada, havia que não cometer erros, era preciso defender bem — não me convencem. O que se viu foi uma selecção a jogar devagar e devagarinho, a errar passes como uma frequência impressionante, e a perder sistematicamente a bola para o adversário. Resumido, o futebol praticado pelos portugueses chegou a ser aflitivo. Pode ser que me engane, mas adivinha-se uma humilhação frente à Coreia do Norte, que hoje demonstrou ser bem melhor que Portugal.

14 de junho de 2010

FUTEBOLÊS. «Quando um especialista fala no "falso ponta-de-Iança" quer insinuar que o genuíno ficou retido no trânsito? Os "problemas nos flancos" têm alguma relação com a dor ciática? Um "médio-ala" remete para a expressão" ...que se faz tarde"? O avançado que "joga melhor sem bola" não será alguém que escolheu a profissão errada? O futebolista a quem "falta cultura" é um desgraçado que confunde Tolstoi com Turgueniev? O "jogo apoiado" significa que os espectadores aplaudem ambas as equipas? As "deficiências no balneário" prendem-se com chuveiros avariados? Se uma equipa inicia um desafio em "baixa pressão" é provável que chova na segunda parte?» Alberto Gonçalves, Sábado de 9 de Junho

10 de junho de 2010

ISRAEL (6). Presume-se que os activistas pro-palestinianos (dantes chamavam-se pacifistas) pretendem, antes de mais, pôr fim ao conflito entre israelitas e palestinianos. Assim sendo, por que insistem eles, a pretexto da ajuda humanitária, em reacender o conflito? Como esta notícia bem o demonstra, a situação não pára de degradar-se desde o incidente com o navio turco, e adivinha-se que os palestianianos serão quem mais vai sofrer. Palestinianos, sublinhe-se, para quem os activistas se estão nas tintas, que eles estão mais interessados em provocar Israel que no destino dos palestinianos. Como os recentes episódios bem o demonstram, os palestinianos são, para os activistas, um mero pretexto para atacar Israel e o que ele representa.

8 de junho de 2010

TEORIAS. Sempre que há escaramuças entre Israel e os palestinianos, lá vem a tese da fisga e dos canhões. Segundo ela, os palestinianos defendem-se (ou atacam) com pedras e fisgas, logo têm razão. Israel defende-se (ou ataca) com armas sofisticadas, logo não tem. É tanta a pressa em condenar Israel que não enxergam um palmo à frente do nariz.
O TRANSATLÂNTICO. Excelente entrada de Paulo Nogueira na blogosfera. Oram leiam este texto.

4 de junho de 2010

ISRAEL (4). Apesar do jornalismo se ter ausentado para parte incerta, vai-se sabendo, à medida que o tempo passa e a poeira assenta, que a ajuda humanitária da «Frota da Liberdade» foi planeada não de modo a que a mercadoria chegasse ao destino sem sobressaltos, mas de modo a que houvesse uma reacção de Israel, de preferência violenta, como sucedeu. Curiosamente, este «pequeno detalhe» não interessa a ninguém, a começar pelos jornalistas de causas, mais interessados em meter a colherada do que relatar o que realmente se passou. Mas os factos continuam a surgir, e depois de se saber que a frota integrava cineastas, escritores, deputados, jornalistas, líderes islamitas, activistas de espécies várias e pelo menos um Nobel da Paz, ficou-se agora a saber que três das vítimas mortais ansiavam ser mártires, o que explica melhor o que se passou e confirma que o pior que podia suceder a esta gente era nada suceder. Reparem que falo de factos, não de opiniões, embora também as tenha. Por exemplo, não sei se Israel reagiu de forma desproporcionada (hão-se reparar que as reacções israelitas são, sempre, desproporcionadas, incompetentes, desastradas, estúpidas, etc.), e também não sei se caiu numa armadilha. Mas já é evidente que a armadilha tem servido para criticar quem caiu nela, não se vendo a mais leve crítica a quem a montou. Montar uma armadilha que pode resultar em tragédia (como se verificou) não tem, portanto, mal algum. Mal é cair nela. Não percebo bem onde está a lógica, mas deve ser defeito meu.
SOARES & ALEGRE. Não tenciono votar Manuel Alegre — nem, já agora, Cavaco (os restantes candidatos não contam). Mas gostava que Mário Soares explicasse o motivo para não votar no candidato do partido que foi o seu. Até ver, Soares limitou-se a debitar generalidades, nunca abordando as razões de fundo — presumindo-se, naturalmente, que as tem. À semelhança do que sucederá à generalidade dos portugueses, desconfio que as razões do ex-PR não valem uma missa, mas é só um palpite.

1 de junho de 2010

ISRAEL (3). Se bem entendi, a «Frota da Liberdade» integrava cineastas, escritores, deputados, jornalistas, líderes islamitas, activistas de espécies várias e um Nobel da Paz. Estarei a delirar, ou o pior que lhes podia suceder era nada suceder?
ISRAEL (2). Diz o «analista» que a frota de navios era uma armadilha organizada por «activistas» pro-palestinianos próximos do Hamas destinada a provocar o ataque israelita, coisa que não lhe merece o mais leve reparo — nem, muito menos, condenação. Reparo e condenação merece Israel por reagir à provocação, que provocar não tem mal nenhum. Eis um exemplo como a obsessão anti-israelita tolhe o raciocínio a qualquer um.
ISRAEL (1). Lidas quatro notícias sobre o ataque israelita no Público online (aqui, aqui, aqui e aqui), constato, sem surpresa, que não há contraditório — nem, sequer, para dar a conhecer a versão de Israel. Curiosamente, o mesmo jornal faz a ligação para um vídeo israelita chamando a atenção para o facto de se tratar de um «alegado "linchamento de soldados israelitas"». Ou seja, quando o Público fala de ajuda humanitária, fala como se isso fosse um facto indesmentível. Já quando fala de actos que as imagens documentam, considera necessário usar o «alegado». E é o Público um jornal de referência.
LAMENTÁVEL. Depois de explicar a nuestros hermanos que são precisos dois para dançar o tango, o primeiro-ministro ensaiou novo passo de dança — e voltou a dar-se mal. Como não lhe bastasse a atribulada viagem ao Rio de Janeiro, o primeiro-ministro mandou dizer que teve um encontro com Chico Buarque a pedido do músico, quando foi precisamente o contrário que sucedeu. Infelizmente, a mentirinha foi mais do que isso: foi uma humilhação a Portugal na pessoa do primeiro-ministro.