21 de julho de 2017
AS OBSESSÕES FAZEM MAL À SAÚDE. O Presidente Trump e o Partido Republicano têm um plano claríssimo face aos cuidados de saúde: acabar com o Affordable Care Act, o chamado Obamacare. Não corrigir o que não está bem no plano (até o Partido Democrático concorda que há coisas que não estão bem), o que seria expectável, mas pura e simplesmente acabar com ele. Vai daí, após sete anos em que se limitaram a criticá-lo sem nada fazer para o melhorar, eis que inventaram um plano à última hora para mostrar que havia alternativa ao Obamacare. O resultado é conhecido: não chegou a ser votado pela Câmara dos Representantes, de maioria republicana, por não haver os votos necessários. Reformulado, o Trumpcare 2.0 foi, de seguida, enviado ao Senado, também de maioria republicana, e o resultado foi conhecido há três dias: não chegou a ser votado, por se saber, à partida, que iria ser chumbado. Pior: em desespero, o Presidente apelou aos republicanos para revogar o Obamacare, e quanto a um novo plano para o substituir, depois se verá. Como seria de esperar, os republicanos mostram-se reticentes, e o resultado não é difícil de adivinhar: Trump falhará pela terceira vez. Se a posição de alguns sectores republicanos é coerente com os princípios que defendem, já o Presidente demonstrou toda a sua ignorância em matéria governativa quando prometeu, durante a campanha (e já depois de tomar posse), que substituiria o Obamacare enquanto o diabo esfrega um olho. Ao contrário do que supunha (e não só ele), governar um país não é o mesmo que dirigir uma empresa, ou um conjunto de empresas, e a incompetência para governar o país, aliada à ignorância arrogante, vai custar-nos caríssimo. A famosa capacidade negocial do Presidente, em tempos tão elogiada, revelou-se outra falácia, porque a política e os negócios são, para o bem e para o mal, dois mundos diferentes, por vezes incompatíveis. Resta-nos o tão odiado «sistema», sem o qual já estaríamos ao nível de uma república das bananas. Pior: provavelmente estaríamos a assistir às piores práticas russas de Putin, que Trump tanto admira. E que consistem, já agora, em liquidar opositores, quem se atreve a revelar a corrupção e toda a espécie de vigarices instaladas no Kremlin.
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