25 de maio de 2018
AOS SALTOS E AOS PINOTES. Não sei se Trump é culpado de tudo o que é suspeito, nomeadamente no «caso russo», embora as peças se encaixem umas nas outras a uma velocidade estonteante. Mas se não é, por que se comporta como se fosse? Se está realmente inocente, qual é o problema com a investigação do procurador-especial? Não devia o Presidente ser o primeiro a desejar que o procurador conclua rapidamente a investigação, de modo a demonstrar-se a sua inocência? O comportamento de Trump seria, de facto, estranho, não fossem as evidências de que está metido num gigantesco sarilho. A «tese» da caça às bruxas não tem ponta por onde se lhe pegue. A hipotética conspiração para o derrubar não passa de uma fantasia. E agora a suspeita de que alguém espiou a sua campanha (o «spygate») mais não é do que a enésima manobra destinada a descredibilizar a investigação sobre o eventual conluio entre a campanha de Trump e o Governo russo, tal como as escutas à Trump Tower inventadas pelo congressista Devin Nunes, que uma vez mais, inventando uma espionagem com base em zero evidências, se prestou a tão triste figura. De facto, à medida que a investigação vai avançando, o desnorte do Presidente é cada vez maior, e não é caso para menos. O «caso russo» alastrou para as actividades de Trump enquanto empresário, e tudo indica que as actividades de Trump enquanto empresário são, por si só, motivo para o levar à justiça. Sim, à justiça, que a demonstrar-se o que se suspeita, não me surpreenderá que acabe no banco dos réus. Sem surpresa, a investigação está a chegar, se é que já não chegou, ao ponto onde dói mesmo. E uma vez aí, não me parece que haja expediente que lhe valha. Demitir o procurador-especial e o procurador-geral da justiça, que ele vai ameaçando fazer para avaliar possíveis consequências, servirá, quando muito, para adiar por mais algum tempo um desfecho inevitável.
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