8 de novembro de 2020
REGRESSO À NORMALIDADE. Esgotei o repertório sobre Trump, tantos foram os textos que escrevi contra ele. O que mais me custou nos últimos quatro anos foi ver os seus apoiantes, alguns por quem tenho respeito intelectual, mandar a decência às urtigas. Custou-me, sobretudo, ver a explicação que eu julgava coisa do passado, nunca dada mas sempre implícita: «O gajo pode ser um filho da puta, mas é o nosso filho da puta.» A grande divisão entre americanos deve-se, sobretudo, ao ainda Presidente, aos esforços constantes de pôr uns contra os outros, deitando gasolina nas fogueiras que foi ateando ou de que se foi aproveitando. Graças à vitória de Biden, o pesadelo aproxima-se, felizmente, do fim. Celebro, por isso, com grande alívio, o regresso à normalidade, e naturalmente a derrota de Trump e de tudo o que ele representa. Restam, porém, dois meses de apreensão, em que Trump continuará Presidente com plenos poderes. Que seja uma tragicomédia mais cómica que trágica.
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