25 de janeiro de 2023
TRÊS MESES. A Polícia Judiciária (PJ) demorou três meses a localizar e prender o autor de uma carta ao Presidente da República em que ameaçou matá-lo caso não lhe desse um milhão de euros. Leram bem: três meses. Isto depois de a PJ saber, desde a primeira hora, a identidade do sujeito, que não só se identificou na missiva como ainda forneceu dados bancários onde o dinheiro deveria ser depositado. E, sabe-se agora, pela voz do director da PJ, que o sujeito é perigoso e tem antecedentes criminais. O episódio prestar-se-ia ao anedotário se não fosse verdadeiro. Mas até uma anedota precisa de factos verosímeis para cumprir a função, e demorar três meses a fazer o que se faria em três dias soa pouco plausível.
11 de janeiro de 2023
OS DONOS DA BOLA. Quem segue de perto as andanças da FIFA e as competições que ela promove não achará novidades, mas não há como a cronologia a pô-las em perspectiva. O documentário «FIFA Uncovered» (poder-se-á traduzir por «FIFA a descoberto»), na Netflix desde Novembro, faz um retrato muito instrutivo sobre as práticas dos seus dirigentes desde os primórdios da organização. Eleições fraudulentas, atribuição de competições em troca de subornos, lavagem de dinheiro, corrupção generalizada. Eis, até há pouco, as práticas correntes da FIFA desde a sua fundação, embora duvide que os hábitos da prepotência e da roubalheira se mudem só porque uns quantos caíram nas malhas da justiça. Portugal é candidato a organizar o Mundial de 2030, juntamente com a Espanha e Ucrânia. Daí a romaria ao Qatar das mais altas figuras do Estado — presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro. Dinheiro que possa competir com a Arábia Saudita, também candidata, não temos. Mas pode ser que a FIFA queira melhorar a imagem, mostrando que não se move apenas pelo vil metal.
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