26 de junho de 2024
JUSTIÇA. Funciona tão mal a justiça que se torna difícil tomar como sério o que faz e o que não faz. O timing escolhido para as buscas ao Ministério da Saúde, até há pouco chefiado pela agora deputada europeia Marta Temido, poder-se-á, em termos operacionais, justificar, mas quem acredita que o timing escolhido foi mera coincidência e não uma tentativa de penalizar a então candidata ao Parlamento Europeu? Quem manda na justiça continua a fazer tudo, mas tudo, para estar nas bocas do mundo, sempre pelos piores motivos, e não faz nada, mesmo nada, para mudar o que está mal. Os que lá mandam continuam a agir como se não tivessem contas a prestar aos cidadãos, apesar dos insistentes pedidos de explicações vindos de todos os lados. O «caso» da ex-ministra da Saúde é só mais um que não pode ser ignorado. Como não podem ser ignoradas as escutas em segredo de justiça divulgadas pela CNN, ainda por cima sem qualquer relevância para a investigação de que estará a ser alvo, obviamente destinadas a fragilizar a candidatura de António Costa à presidência do Conselho Europeu depois de já o terem obrigado a demitir-se de primeiro-ministro alegando uma suspeição que ainda hoje, meio ano depois, ninguém sabe de quê. Para cúmulo, julgam os mandantes que não têm de dar explicações. Limitam-se a abrir uma investigação para «apurar a origem das fugas» sabendo de antemão que, como os casos passados o demonstram, a investigação vai dar em nada. Pelo que se passou até hoje, não tenho a menor dúvida de que a PGR está apostada em destruir, pelo menos politicamente, o ex-primeiro-ministro António Costa. Se já sabíamos que a justiça funciona mal, demonstrou agora que não hesita em intrometer-se no que não deve. Pior seria difícil.
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