16 de agosto de 2024
O REI VAI NU. Surpreende ver académicos conservadores sugerirem que Donald Trump deve usar as diferenças políticas para combater a sua adversária em vez de se limitar a insultá-la, uma estratégia, segundo eles, que não lhe trará um só voto. Surpreende porque eles sabem que não há diferenças políticas entre os dois. O que há é uma candidata (Kamala Harris) com um projecto político e um Trump com um projecto pessoal, agora ainda mais obcecado com a sua própria pessoa porque, com a justiça à perna em múltiplos casos, pode acabar na cadeia caso não vença. O projecto de Trump foi, desde sempre, o poder pessoal a qualquer preço, agora muito agravado com a urgência de salvar a pele. A ideia de que ele é conservador é pura fantasia. Apresenta-se como conservador mas poderia apresentar-se como liberal, posiciona-se contra o aborto mas poderia defendê-lo. O que verdadeiramente o define é a sua admiração por ditadores, como Putin e Kim Jong-un, porque inveja o poder que eles têm. Isso mesmo, o poder. Como bem sabem, aliás, os académicos de que falo, que mesmo assim se prestam aos mais toscos malabarismos para esconder que o rei vai nu.
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