24 de setembro de 2003
Independentemente de se tratar de uma situação prevista na lei, o caso Maria Elisa é uma vergonha. Uma vergonha que se estende a quem a defende, entre eles o dirigente António Costa, que acha que Maria Elisa foi «vítima da inveja nacional e da mediocridade dos seus colegas da RTP», pois há casos «bastante mais escandalosos para a dignidade da função parlamentar». E que casos são esses? Infelizmente não esclareceu, e até deixou a ideia de que não está interessado em mexer em tão malcheirosa matéria. Ora, o caso Maria Elisa é demasiado simples para que com ele se façam floreados, sejam eles bem ou mal bem-intencionados. Em primeiro lugar, Maria Elisa quis acumular os cargos (e vencimentos) de deputada e jornalista, e qualquer cego vê que os dois cargos são incompatíveis quando exercidos em simultâneo. Depois, tentou o expediente da baixa para fazer uns biscates na RTP, mas a estratégia parece não ter resultado. Por último, prepara-se para gozar as delícias de um «exílio» numa capital europeia. Convenhamos que é muita coisa junta, e que este tipo de comportamentos se presta a toda a espécie de críticas. Certamente que algumas virão de invejosos, medíocres ou mal-intencionados. Mas as coisas são o que são.