13 de novembro de 2003
Sempre que se fala do dr. Cunhal, lá vem a estória da coerência. Como se a coerência fosse, por si só, uma atitude que merece elogio. Não merece. Coerência pode ser, por exemplo, manter-se fiel a uma ideia em que já não se acredita. Ora, não me consta que o dr. Cunhal mantenha as mesmas ideias só para ser coerente. Assim sendo, seria bom que fosse julgado pelas ideias e não pela coerência. Até porque há quem pense que a coerência do dr. Cunhal foi manter a mesma cegueira ideológica durante anos, contra tudo e todas as evidências. Porventura uma cegueira bem-intencionada, mas uma cegueira. O que não é propriamente um elogio.