1 de dezembro de 2003
Eu tenho dúvidas de que um escritor deva receber dinheiros do Estado para escrever, como tenho dúvidas de que um cineasta deva receber dinheiro do Estado para fazer filmes, um actor para fazer teatro, um músico para compor. Conforme os casos, às vezes sou contra, outras vezes a favor. Deverá o Estado sustentar coisas de que ninguém quer saber? Deverá o Estado sustentar aquilo que as pessoas querem ver, ouvir ou ler? Eis o eterno dilema. Parece óbvio que quem produz coisas de que ninguém quer saber não merece apoio do Estado, como parece óbvio que um criador de sucesso não precisa do Estado. Parece... mas não é. A questão é mais complicada do que o simplismo desta ideia deixa supor. Daí que eu gostaria de ver uma discussão profunda sobre isto, sem preconceitos ou ressentimentos. Aproveitando, aliás, a ideia do Abrupto, já continuada pelo Aviz.