30 de março de 2004
Definitivamente que não me interessa se os escritores são progressistas ou reaccionários, comunistas ou fascistas, anti-semitas ou nazistas. Para mim, um escritor é bom ou mau. Ou, então, faz parte dos que não conheço, seguramente a maioria. Se o escritor é vermelho ou azul, heterossexual ou homossexual, nunca me interessou. Nunca deixei de ler um escritor por ser anti-semita, comunista ou fascista, e não vejo razão para mudar. Aliás, cada vez me interessa menos se o escritor é de direita ou de esquerda, e acho perfeitamente idiota dizer-se que os escritores de esquerda são melhores que os de direita — ou o contrário. Qualquer palerma que leu meia dúzia de livros sabe que há bons escritores na esquerda e na direita. O resto é conversa, geralmente idiota, como a crónica de Baptista-Bastos sobre Nelson Rodrigues. Tal como o Bruno, mil vezes prefiro «um velhaco, um pederasta, um ladrão de galinhas que escreva como Nelson Rodrigues a dez mil almas bem intencionadas que pensem como Vital Moreira».