20 de abril de 2004
A discrição com que o caso da pedofilia da Madeira tem sido tratado pelos media e, presume-se, pelas partes envolvidas no processo, já foi motivo de louvor de alguns fazedores de opinião. Confrontado com o processo Casa Pia, a maneira como o caso da Madeira tem sido tratado é exemplar, disseram. Ora, acontece que não é bem assim. Os últimos desenvolvimentos sobre o caso da Madeira, com a Judiciária a denunciar «tentativas de manipulação de testemunhas do processo de pedofilia da Lagoa» e outras pressões sobre testemunhas e vítimas (ver Público de hoje), vêm demonstrar que, a coberto da discrição, se tenta comprar o silêncio das vítimas por umas centenas de euros. Não que a discrição não seja, em si, um factor positivo. Só que da discrição ao silenciamento vai um pequeníssimo passo.