19 de novembro de 2004
«Numa vila alentejana, passou um filme que tinha como protagonista uma actriz de pernas bem bonitas, que, a certa altura, subia umas íngremes escadas. Um espectador mais atrevido resolveu tentar a sorte. À segunda visão, comprou duas plateias na primeira fila. Ocupou uma e, quando chegou a tal cena, estiraçou-se ao comprido e, de cabeça bem baixa, olhou para cima, tentando uma boa espreitadela para os pedaços de pernas escondidos pelas saias da rapariga. Segundo o meu primo - que quando contava um conto acrescentava um ponto - não se deu por vencido. Sempre que o filme passou, lá estava ele, esparramado, à espera da visão deleitosa. Mas "a malandra" tinha artes e ele nunca viu mais do que vira da primeira vez, do alto do balcão.» João Bénard da Costa, no Público de hoje, a propósito do arquitecto e gravador italiano Giovanni Battista Piranesi (reproduções de algumas obras aqui).