31 de março de 2005
Alguém sabe como se assa (ou frita) uma alheira sem rebentar por todos os lados? Fiz uma pesquisa na internet, mas o único método que me aconselharam (picá-las com um garfo) não funciona. Caso alguém saiba — ou queira dar um palpite — é favor mandar-me um e-mail o mais depressa possível, pois as alheiras não podem esperar. Nem as alheiras, nem eu. Muito obrigado.
30 de março de 2005
29 de março de 2005
Há três dias que andava a saltar de Melville para Theroux, de Conrad para Frayn, e não havia meio de ficar mais que dez minutos no mesmo livro. Como cheguei a pensar que estava com um problema, decidi fazer um teste. Retirei da estante O Delfim, afundei-me no sofá, e deixei correr o marfim. Centena e meia de páginas depois lembrei-me que eu estava, realmente, com um problema — o problema de haver livros (e escritores) que, uma vez lidos, nos tornam mais exigentes.
25 de março de 2005
«Continuar esse "estado" defende a vida ou, pelo contrário, encoraja a medicina a criar "estados" que, de facto, a negam?», pergunta Vasco Pulido Valente a propósito do drama de Terri Schiavo. É uma questão pertinente, sem dúvida, mas eu continuo a ter muitas dúvidas. Continuo sem saber, por exemplo, se a decisão do tribunal da Florida em retirar o tubo que alimentava artificialmente Terri Schiavo foi a melhor, se a legislação especial do Congresso que autorizou os pais da infeliz a recorrer para o Supremo Tribunal se justificava, se a recusa do Supremo em pronunciar-se sobre o caso foi uma atitude sensata. Aliás, quanto mais pormenores conheço sobre este caso, mais dúvidas tenho. A única coisa que eu sei é que não gostaria de estar na pele de quem tem que decidir.
24 de março de 2005
«Todas as noites, antes de deitar, os moradores da casa reuniam-se nas esteiras e, de pernas cruzadas, como é prática universal destes ilhéus, iniciavam um cântico sereno, soturno e monótono, acompanhando as vozes com melodias instrumentais produzidas por dois paus meio podres com que batiam simultaneamente, de que cada pessoa presente tinha o seu par. Assim ficavam durante uma ou duas horas, por vezes mais tempo.» Taipi, de Herman Melville.
23 de março de 2005
Time After Time é um daqueles temas que não me canso de ouvir, e ainda estou para conhecer uma versão que me desagrade. Sem puxar pela cabeça, lembro-me de três versões/interpretações diferentes: de Eva Cassidy e Mary Black, ambas divinas, e de Miles Davis, belíssima. Curiosamente, nunca ouvi o original (de Cyndi Lauper), e até receio que me desiluda.
Provavelmente «um dos melhores blogues de saias»? Não será isto um caso de «enviesamento masculinocêntrico»?
Absolutamente imprescindível uma visita aos blogues do maradona (com minúscula) e do Alexandre Soares Silva.
22 de março de 2005
18 de março de 2005
Afinal, em que ficamos? Vai haver aumento dos impostos ou não vai haver aumento dos impostos? Num dia, o ministro das Finanças anuncia que vai aumentar os impostos. No outro, o primeiro-ministro diz que «não está no programa [do Governo] nenhum aumento de impostos». No tempo de Santana Lopes isto era, no mínimo, uma trapalhada. Como os tempos são outros, ninguém se indigna que se anuncie o contrário do que se prometeu, e que num dia se diga uma coisa e no dia seguinte o contrário. Um caso a seguir com atenção.
17 de março de 2005
O cardeal Bertone anunciou ao mundo que O Código Da Vinci é uma distorção «absurda e grosseira da História» e pediu às livrarias católicas que retirem o livro das estantes. Tudo isto porque o autor do dito resolveu dizer que Cristo casou com Madalena e teve filhos, quando a versão oficial da Igreja Católica garante que Cristo nunca casou e não deixou descendência. Como Dan Brown terá calculado quando escreveu esta e outras heresias, o Vaticano caiu na esparrela. O sr. Brown arranjou, assim, publicidade da melhor — e de borla. Mas nem precisava.
15 de março de 2005
Quem gosta de Miles Davis e ainda não viu Live in Munich não sabe o que perde, pois o concerto é uma delícia. Do excelente naipe de instrumentistas, uma descoberta: Marilyn Mazur, uma percussionista de se lhe tirar o chapéu. Um único senão: o registo em vídeo não é lá grande espingarda. Mas garanto-vos que quase não se nota.
14 de março de 2005
Só duas mulheres no Governo? Muito bem. E gays? Haverá algum gay neste Governo? Sim, por que não sei quantos por cento dos portugueses são gays, e não vejo porque razão os gays não haveriam de estar representados no Governo. Meio sub-secretário de Estado? Que seja meio sub-secretário de Estado. E os pretos? Será que os pretos não mereciam ter um secretário de Estado? E por aí adiante, pois não se vislumbra que a lógica aplicada às mulheres não havia de aplicar-se aos gays e aos pretos. Agora a sério: por que haveria um primeiro-ministro de escolher os membros do seu gabinete com base noutro critério que não fosse a competência? Por que razão se há-de querer impor as mulheres na política se é visível que as mulheres se interessam menos por política que os homens? Confesso que isto de querer meter as mulheres na política por decreto já cheira mal. (Nota: não sei se é politicamente correcto chamar-se pretos aos pretos, mas não sei qual é o termo politicamente usado em Portugal.)
Se bem me lembro, a introdução dos genéricos provocou uma tempestade. Agora, a Associação de Farmácias e a Ordem dos Farmacêuticos opõem-se à venda, nos hipermercados, de medicamentos não sujeitos a receita médica, quando é sabido que tal prática é corrente em vários países e não constitui problema. A argumentação destas duas respeitáveis agremiações é claríssima: a concorrência é uma chatice.
O tempo dirá se a nomeação de Freitas do Amaral como ministro dos Negócios Estrangeiros foi um erro ou não. Mas concordo com o editorial da Sábado quando diz: «Escolher Freitas do Amaral para ministro dos Negócios Estrangeiros é tão inteligente como pôr o major Mário Tomé nas Finanças, Cristiano Ronaldo na Cultura ou Donald Trump no Trabalho.»
«O jornalismo de causas é uma fraude que serviu e serve para que se editem, sob a forma de notícia, conteúdos de propaganda. Os jornalistas não têm, nem devem de estar comprometidos com nada a não ser com a qualidade e o rigor do seu trabalho. Isto não invalida que pessoalmente tenham as suas causas, mas ajuda a que não coloquem as notícias ao serviço do seu ideário.» Helena Matos, no Público de sábado.
10 de março de 2005
Faz hoje 12 dias que assinei os serviços da Biblioteca Universal on-line e continuo sem acesso aos serviços da Biblioteca Universal on-line. Preenchido o formulário e fornecidos os dados referentes ao pagamento, continuo à espera do e-mail com a senha que ficaram de me enviar. Isto depois de já lhes ter enviado dois e-mails inquirindo a razão de tamanha demora, a que ainda não me responderam. Será que vou ter que lhes rogar o favor de me aceitarem como cliente? Será que, mesmo assim, vou conseguir?
9 de março de 2005
7 de março de 2005
A ideia de enviar o retrato do prof. Freitas do Amaral do Largo do Caldas para o Largo do Rato é, obviamente, ridícula, além de configurar uma atitude estalinista, como muito bem disse Narana Coissoró. Tem, além disso, o efeito contrário ao desejado, pois transforma o futuro ministro em vítima — e não havia necessidade.
A grande maioria das pessoas desconhece que motivos levaram as forças americanas a atacar a viatura em que seguia a jornalista Giuliana Sgrena, de que resultou a morte de um agente da secreta italiana e o ferimento da própria jornalista. Desconhece mas tem uma opinião formada acerca do assunto. Adivinhem qual é.
4 de março de 2005
Embora não tenha sido propriamente uma surpresa (o apelo à maioria absoluta para o PS não terá sido de borla), não se percebe a nomeação do prof. Freitas do Amaral para ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Que mais-valia será, para o Governo socialista, o homem que nos últimos anos se distinguiu por comparar George W. Bush a Hitler?
3 de março de 2005
Percebe-se o problema e a postura de Pacheco Pereira durante a campanha para as Legislativas. Percebe-se e saúda-se. Mas não terá sido também ele, com a postura que entendeu assumir, responsável pela derrota do PSD? Além disso, porque haveriam os «leigos» de votar num partido (o PSD) onde meia dúzia de «papas» nada fizeram para os estimular?
«É muito triste que não existam em Portugal ambientalistas a sério, ambientalistas que não pensem o Património Natural como uma vaca sagrada desligada da vivência quotidiana das pessoas. O que acontece as mais das vezes é que se discutem as coisas do ambiente de forma fascista, ou seja, abolindo toda e qualquer negociação política. Quem perde é o ambiente, mas, infelizmente, o estado do ambiente nunca foi coisa que preocupasse por aí além o ambientalista português: ele quer é mostrar-se indignado, mostrar ao mundo o sensivel que é, deixando para os outros a responsabilidade de lhe confeccionar os jeeps e refinar o gasóleo com que se locomove até à "natureza", de lhe transformar maravilhosas árvores em magníficos guias ilustrados da natureza, de lhe minar o cobre por onde passa toda a informação que circula no mundo e que permite que a causa ambientalista seja hoje verdadeiramente global, de lhe concentrar os elementos radioctivos que lhe fazem o raio x à perna quando se aventuram demais na escarpa para ver os ovos de uma águia-imperial (era bom era).»
Do grande maradona (com minúscula), é claro.
Do grande maradona (com minúscula), é claro.
Subscrever:
Mensagens (Atom)