3 de junho de 2005
Volta e meia, os músicos do costume lembram-se de exigir que o Estado obrigue os portugueses a consumir a música que eles fazem. Sim, eu sei que a questão não é tão simples assim, até porque há actividades similares que beneficiam de benesses do Estado. Mas a questão coloca-se na mesma: porque hão-de os portugueses ser obrigados a consumir «quotas mínimas» de música portuguesa? Sim, porque o decreto que eles exigem aprovado na Assembleia da República obriga as rádios a passar não sei quantos por cento de música portuguesa, o que equivale a dizer que, na prática, os portugueses vão ter que consumir não sei quantos por cento de música portuguesa. E quem vai beneficiar com as «quotas mínimas» além dos directamente interessados? O Estado português? A cultura portuguesa? Os portugueses? Por amor de deus. Os únicos beneficiados são os directamente interessados — e só eles. O resto é conversa fiada.