28 de outubro de 2005
Caríssima Carla Hilário Quevedo, concordo que a coragem não é, por si só, uma virtude, nomeadamente em casos como os que refere. Aceito, também, que a formulação da minha ideia se preste a interpretações que não estavam nos meus planos. Mas já me parece um exagero considerar uma heresia o facto de eu ter elogiado o presidente iraniano por este ter tido a coragem de dizer o que muita gente pensa e não é capaz de dizer. Contrariamente à Carla, que gostaria que o cavalheiro não tivesse tido a coragem de abrir a boca, acho positivo que o sr. Ahmadinejad nos tenha dito o que pensa sobre a questão de Israel, pois ficamos a saber com o que contamos e a comunidade internacional fica sem desculpa para não enfrentar o problema. Depois, o meu problema com o presidente iraniano não é ele ter assumido que acha que o Estado de Israel deve ser «varrido do mapa». O meu problema com o presidente iraniano é ele pensar que o Estado de Israel deve ser «varrido do mapa», o que faz alguma diferença, pois se acho terrível que ele pense dessa maneira já acho bem que o assuma. Daí o elogio à coragem, motivo da nossa discórdia. Finalmente, a minha ideia ao escrever o post em causa foi chamar a atenção para os que pensam como o sr. Ahmadinejad e se rebolam de gozo por alguém o ter dito por eles, para os que assobiam para o lado ou destilam hipocrisia sempre que alguém fala da existência do Estado de Israel. Grupo a que acrescento, agora, algumas figuras da blogosfera, que se pronunciaram sobre esta matéria com um silêncio ensurdecedor.