28 de novembro de 2005
Cinco meses após o «arrastão» da praia de Carcavelos, a Alta Autoridade para a Comunicação Social decretou que a «generalidade dos meios de comunicação social» deu um tratamento «claramente discriminatório» ao desmentido da polícia sobre o alegado envolvimento de 400 pessoas de origem africana que, afinal, «não excederam os 50». Repito: cinco meses depois do «arrastão». A Alta Autoridade acha que os media deveriam ter assumido «publicamente o seu erro» e «formulado um pedido de desculpas» em vez de «praticamente omitir ou menorizar» o desmentido da polícia. Tendo em conta a «evidente falta de rigor informativo», «isenção» e «objectividade», que terão levado a acções de «racismo e xenofobia» e feito passar «para o estrangeiro uma imagem errada do espírito de convivência interracial e de paz social que se vive em Portugal», a decisão parece-me que não poderia ter sido outra. Mas já não se percebe por que razão levou cinco meses a tomar uma decisão destas, e ainda menos que se trate de uma decisão de alcance nulo.