1 de novembro de 2005

Face ao terrorismo internacional, nomeadamente ao terrorismo pós 11 de Setembro, Freitas do Amaral acha que «não há nenhum conflito religioso» ou «guerra de religiões», apesar de admitir que «alguns líderes terroristas» justificam os seus actos com a existência de uma guerra de religiões. O ministro dos Negócios Estrangeiros explicou melhor o seu raciocínio: o livro sagrado do islamismo recomenda aos muçulmanos que abracem os judeus e os cristãos que se cruzem no seu caminho. Assim sendo, conclui, não há razão para alarme, muito menos para se falar em guerra de religiões. Acontece que, como Freitas do Amaral muito bem sabe, o Corão presta-se às mais variadas leituras, e não é segredo para ninguém que os terroristas islâmicos justificam os seus actos com passagens do Corão. Ou seja, a realidade insiste em desmontar a tese de Freitas do Amaral, mas é mais fácil fazer de conta do que enfrentar a realidade. Eu sei que «guerra de religiões» ou «choque de civilizações» são expressões fortes, porventura demasiado fortes para caracterizar o que se passa, mas quem duvida que estamos perante uma onda de violência justificada pela religião?