2 de março de 2006
Era só o que faltava que o sagrado não pudesse ser posto em questão, como defende o cardeal-patriarca de Lisboa. O sagrado pode (e deve) ser questionado por qualquer criatura pensante, a sério ou a brincar, por crentes e não crentes. Mas se não surpreende a posição de D. José Policarpo, o desempenho do ministro dos Negócios Estrangeiros não se compreende. Depois de ter feito asneira atrás de asneira (asneira é o mínimo que se pode dizer), Freitas do Amaral disse, agora, que condenar a violência por causa dos cartoons «não era o essencial». O essencial, para ele, é «não deitar mais achas para a fogueira», e a melhor maneira de promover a paz e a concórdia é condenar uma parte e esquecer a outra. Esquecer é como quem diz, que o problema de Freitas do Amaral não foi o esquecimento. O problema é ele achar que a violência por causa dos cartoons é compreensível (logo desculpável), e que o acto de os publicar só pode ser condenável. Isso é que é lamentável.