10 de março de 2006
O ministro dos Negócios Estrangeiros considerou «ignorantes» os que não «perceberam» o conteúdo do comunicado que sua excelência resolveu emitir para condenar a publicação dos cartoons sobre o profeta Maomé. Temos, assim, que eu sou ignorante, porque também eu «não compreendi» o que ele disse sobre tão douta matéria. Nada que me rale por aí além e que eu, no fundo, não seja, mas confesso que ainda me ralaria menos se Freitas do Amaral fosse ministro do Burundi. Como ele julga que está certo e que os que dele discordaram são uma cambada de estúpidos (ou mal-intencionados, ou ignorantes), teme-se que a cegueira do ministro seja maior da que se costuma atribuir ao pior cego. É que a cegueira de Freitas do Amaral é bem capaz de ser uma variante da ignorância, no caso uma variante para pior. E quando a ignorância se junta à arrogância, mais vale nada a dizer.