5 de junho de 2006
Não estou bem dentro do processo que opõe o Ministério da Educação aos professores, ou aos sindicatos dos professores, mas há coisas que saltam à vista de qualquer leigo. Por exemplo, que credibilidade terá um sistema de avaliação de professores que não detecta um único desempenho negativo? Será que a classe dos professores não alberga maus profissionais? Se os professores estão realmente preocupados com a imagem injusta de que se dizem vítimas, que tal começarem por contestar o sistema que não distingue a competência da mediocridade, os bons dos maus profissionais? Sim, porque o sistema que existe não premeia quem merece, e certamente que os que mais reclamam contra o actual estado de coisas são os mais competentes — e os que mais merecem. Ninguém no seu perfeito juízo acha que os problemas do ensino (ou do insucesso escolar) se devem aos professores, mas a verdade é que os problemas do ensino também se devem aos professores. Melhor: ao sistema que regula a actividade docente no ensino público. Ao sistema que, vale a pena lembrar, só parece incomodar os professores quando alguém o pretende alterar. Digo parece porque é essa a imagem que dão, embora se espere que as coisas não sejam o que parecem.