26 de julho de 2006
Qualquer pessoa medianamente inteligente e minimamente distanciada do conflito que opõe Israel ao Hezbollah percebeu que a morte dos quatro observadores da ONU durante um bombardeamento israelita no sul do Líbano foi um acidente (ou um erro). Um acidente trágico, um acidente terrível, um acidente lamentável, mas um acidente. Por mais que se tente pintar a coisa de outra maneira, os factos apontam nesse sentido. Dizer-se, por isso, que o bombardeamento visou os observadores «de forma deliberada», como declarou Kofi Annan, ou que os «ataques contra pessoal da ONU são inaceitáveis», como disse a União Europeia (pretendendo fazer crer que foram propositados), é vergonhoso e irresponsável. Que, perante um caso desta natureza, os aldrabões do costume saiam à rua a dizer coisas destas, entende-se. Mas já não se compreende que instituições que tudo deviam fazer para pôr fim ao conflito abram a boca para dizerem asneiras (nada inocentes, obviamente) e deitar ainda mais lenha na fogueira.