4 de agosto de 2006

Ia chorando de comoção quando tomei conhecimento do gesto de Mel Gibson (pedir aos líderes da comunidade judaica que o ajudem a «perceber de onde vieram aquelas palavras perversas» que proferiu contra os judeus quando foi apanhado a conduzir alcoolizado). Comovi-me, também, com as indignações que se seguiram ao anúncio do cancelamento da série sobre o Holocausto que o realizador se preparava para fazer para a ABC. Provavelmente vai ser necessário ressuscitar o inventor da psicanálise (que tem a particularidade de ter sido descendente de judeus) para explicar ao sujeito a origem das «palavras perversas», tal a complexidade das ditas. Provavelmente é uma injustiça o seu afastamento de um projecto cujo tema demonstrou ter ideias tão interessantes. Mas há uma coisa que é mais que provável: quando está com os copos, o sujeito é contra os judeus; quando não está, não tem nada contra. Dito de outra maneira, Mel Gibson diz o que pensa quando se embebeda, e o contrário do que pensa quando está sóbrio. O problema é, portanto, o álcool. Mais exactamente a falta dele.