29 de agosto de 2006
Percebe-se que se saia em defesa de Günter Grass (se calhar tornou-se politicamente correcto fazê-lo), mas o caminho que as coisas estão a levar ainda vai fazer com que uma página negra na vida do escritor se torne numa coroa de glória. Por que raio não se há-de dizer mal do homem sem ser logo apelidado de patrulheiro ideológico ou moralista? Está bem, ele fez o acto de contrição, teve coragem para assumir os erros passados, a coisa passou-se quando era jovem e não pensava, a obra está aí e é o que conta — mas nada disso retira substância e legitimidade às críticas. Daí que tanto consenso, além de soar estranho e nem sempre verdadeiro, chateia.