22 de novembro de 2006
Pedro Rolo Duarte acha que «Santana Lopes existe porque os jornalistas, os comentadores e os meios de comunicação querem mesmo que ele exista». Segundo ele, os jornalistas «alimentam-no e alimentam-se dele e das suas ambições», «usam-no e são por ele usados». Só assim se explica, acrescenta, que lhe dêem tempo de antena, lhe cubram «o lançamento dos seus livros como se ali estivesse um candidato ao Nobel», que o entrevistem em horário nobre, e que com ele gastem neurónios e páginas de jornal. Ora, será assim tão simples «o retrato» de Santana Lopes? Para começar, o que é que Santana tem de tão mau que os outros políticos não tenham? Alguém duvida de que teria havido a gritaria que houve caso o número dois do PSD fosse outro que não Santana Lopes na altura em que Durão Barroso decidiu pôr-se a andar? Evidentemente que não. Como o número dois era Santana, foi o que se viu. E o que se viu foi um espectáculo pouco dignificante, pois o Governo já era mau antes de o ser, e ainda antes de se saber por quem era constituído. Isto no dizer de alguns barões do seu próprio partido, que nunca se conformaram com o facto de Santana Lopes ser, democraticamente, o número dois. Claro que Santana Lopes contribuiu para o circo que então se instalou, e até generosamente. Mas se o governo Santana dava uns traques malcheirosos, a Oposição nunca cheirou melhor.