22 de fevereiro de 2007
As notícias de que o Irão terá, em breve, capacidade para enriquecer urânio a uma escala industrial e a que nos dá conta do fracasso das negociações conduzidas pela União Europeia com vista a dissuadir o regime iraniano do programa nuclear são inquietantes. Claro que as negociações vão continuar, como ainda esta semana garantiu um responsável iraniano, pois qualquer palerma já percebeu que a estratégia de Teerão é queimar tempo. Escusado será dizer, também, que o envolvimento iraniano no Iraque, nomeadamente através do fornecimento de armas aos xiitas, é (mais) uma mentira americana, e que se forem encontradas armas iranianas no Iraque só podem lá ter sido postas pelos americanos com o objectivo de incriminar Ahmadinejad e, de caminho, justificar uma intervenção militar no Irão. E também será desnecessário relembrar que o facto de o regime iraniano se estar borrifando para a ONU não indigna ninguém, nomeadamente os que se indignaram quando os americanos foram para o Iraque à revelia da ONU, pois a indignação varia consoante as circunstâncias e os protagonistas. Mas o que realmente incomoda no meio disto é verificar-se que as grandes questões mundiais estão a ser encaradas à luz do pró-americanismo ou do anti-americanismo, uma irresponsabilidade que só pode acabar mal.