1 de março de 2007
Mário Bettencourt Resendes tem saudades dos tempos em que os jornalistas não eram matéria de notícia, em que o trabalho por eles desenvolvido não tinha o escrutínio que tem hoje. Cita um exemplo para ilustrar a ideia: a reportagem da CBS sobre o serviço militar de Bush que custou o emprego à autora e ao apresentador do 60 Minutes após um blogue ter revelado que os documentos exibidos pela CBS eram forjados, apesar de «todas as precauções da equipa de reportagem». Ora, como sabe Bettencourt Resendes que houve «todas as precauções da equipa de reportagem»? É um palpite? Não teria sido mais rigoroso dizer que os intervenientes no episódio da reportagem alegaram ter tomado «todas as precauções» em vez de apresentar a coisa como se de um facto inquestionável se tratasse? E o facto de um simples blogue ter descoberto a marosca que «todas as precauções» da CBS não detectaram não é, para Bettencourt, matéria relevante? Termina o cronista dizendo: «Fica a lição de que o jornalismo de investigação assenta, nestes dias, em terreno cada vez mais pantanoso, exigindo cuidados redobrados.» Ora, isso é mau?