6 de abril de 2007
Está em marcha uma campanha destinada a desvalorizar o episódio da licenciatura do primeiro-ministro, alegando-se que o canudo nem aquece, nem arrefece. José Sócrates não é nem mais nem menos competente como primeiro-ministro pelo facto de ter, ou não ter, uma licenciatura, argumenta-se. Acontece que o caso não é esse, por muito jeito que dê que assim fosse. O problema é que, a confirmarem-se os factos divulgados pelos media, o primeiro-ministro não disse toda a verdade sobre o seu currículo académico. Pior: cometeu a imprudência de «retocar» o currículo — deixou de ser «engenheiro» e passou a designar-se «licenciado em Engenharia Civil», entre outros «retoques» — precisamente no momento em que o seu currículo académico estava a ser questionado. Assim sendo, há razões para suspeitar da forma como Sócrates obteve a licenciatura pela Independente, como há razões para o Presidente da República se preocupar com os «danos colaterais» que o caso possa causar, como deu conta o DN, embora Cavaco desminta.